Sensatez


As emoções bombeiam o que precisa ser dito em direção a garganta.
Lá as palvras presas se dissolvem em meio a razão,
tornam-se ecos perdidos em frases soltas e sem nexo,
distanciadas de seu real sentido.

...Porque não me conheceu.

Acontecimentos infelizes sempre ocorrem em série.


Tudo leva mais tempo do que todo o tempo que você tem disponível.

Se você perceber que uma coisa pode dar errada de 4 maneiras e conseguir
driblá-las, uma quinta surgirá do nada.


Se você tem alguma coisa há muito tempo, pode jogar fora. Se você jogar
fora alguma coisa que tem há muito tempo, vai precisar dela logo, logo.


Mesmo o objeto mais inanimado tem movimento suficiente para ficar na sua
frente e provocar uma canelada.


Por mais bem feito que seja o seu trabalho, o professor sempre achará onde
criticá-lo.


Você nunca vai pegar engarrafamento ou sinal fechado se saiu cedo demais
para algum lugar.


Cada professor parte do pressuposto de que você não tem mais o que
fazer, senão estudar a matéria dele.


Nunca há horas suficientes em um dia, mas sempre há muitos dias antes do
sábado.



Falando sério, as vezes eu acho que eu tenho alguma coisa que atrai azar. É incrível. Vou contemplá-los com algumas das maravilhas que me aconteceram só hoje:

Acordei às cinco quando só precisava acordar às seis (tudo bem, isso não foi grande coisa, mas já começou mal). Mesmo tendo acordado cedo pra caramba, saio tarde de casa e chego atrasada na faculdade. Lá vejo uma menina que estudou comigo na escola, tento apressar o passo para alcançá-la, viro o pé na escada e quase caio em frente à um bando de gente desconhecida, mas consigo me equilibrar à tempo de evitar o tombo (meu pé fica doendo). Mais tarde, já em sala de aula, sento-me em um banquinho-torturador-de-costas em frente à prancheta de uma amiga. Conversando animadamente com ela, cruzo as duas pernas de forma que elas acabam ficando presas e me impedem de parar meu lento deslizamento para fora do banquinho (tudo bem, consegui me agarrar à prancheta e sai dessa sem maiores danos, mas não sem maiores sustos). Chegando em casa, subo para o meu quarto para tentar dormir um pouco. O maldito telefone toca de meia em meia hora e não me deixa dormir. Começo a assistir televisão, ao meio dia minha mãe me chama para almoçar bem na hora em que Friends está começando. Começo a descer a escada ainda meio grogue de sono e com preguiça, viro o pé, caio de bunda em um batente e bato o braço no corrimão. Fico lá sentada, com dor e com a cabeça ainda girando de sono. Terminado o almoço, subo e vou procurar umas plantas antigas que vou precisar levar amanhã para a faculdade. Surpresa: não consigo encontrar uma das plantas baixas que deveria estar comigo, mas encontro uma perscetiva que deveria ter sido entregue ao professor há duas semanas. Incrível, simplesmente incrível. E aqui estou eu agora, quase inteira. O dia passou, eu adiantei muito pouco dos meus trabalhos e mesmo assim prefiro vir aqui escrever besteira... talvez as coisas que me acontecem sejam castigo ._.

A Lei de Murphy é para todos



EU QUERO PODER OLHAR PRA ONDE EU QUISER!
Eu duvido que eu seja a única pessoa que faz isso. As vezes, eu gosto de simplesmente olhar para as pessoas, sabe? Reparar nos traços do rosto, nas formas e posições do corpo, no modo como a luz se comporta sobre aquela pessoa naquela situação, na forma como o cabelo se movimenta junto com o movimento da pessoa ou como ele fica quando ela está parada em determinada posição. Gosto também de reparar nas roupas, na forma como elas se dobram em certas partes e permanecem esticadas em outras, na forma como se percebe o volume por baixo delas, além de prestar atenção nos variados modelos e estilos não só de roupas como de sapatos. Também gosto de notar como a luz é refletida de formas diferentes nas várias texturas de materiais... De vez em quando (quem me conhece com certeza sabe), eu simplesmente me perco nos meus pensamentos e fico olhando para um ponto fixo. Acontece que as vezes esse ponto fixo é uma pessoa. O que eu acho um saco é que nessa nossa sociedade você não pode simplesmente olhar para alguém sem acharem que você:

a) Está secando a pessoa
b) Está achando a pessoa feia
c) Achou a roupa/o cabelo/o sapato da pessoa de mau gosto
d) Está com inveja da roupa/do cabelo/ do sapato
f) Está querendo puxar briga

Enfim, por que eu não posso simplesmente olhar para a maldita pessoa sem achar nada? Não, ninguém pensa nessa possibilidade! Eu não sei se eu reparo tanto nos outros porque eu gosto de desenhar... mas sei lá, as vezes você nem está olhando mesmo para a pessoa, como eu disse lá em cima. Você está voando e simplesmente calhou de você ficar olhando sem ver naquela direção. Vai ver eu que sou estranha mesmo... eu e minhas revoltas internas sem sentido...

Tá olhando o quê, otário?!?

Aah, como é boa essa sensação de "falsa liberdade"... Todos os trabalhos que eu tenho para entregar são só para o fim do semestre e, como uma boa adepta do "pânico do último minuto", eu vou deixando o tempo passar até que se aproxime inevitável dia em que eu terei de fazer alguma coisa. Você deve estar pensando: você deveria fazer logo e se livrar disso de uma vez. Claro, eu respondo, claro que eu deveria. Mas quem disse que eu consigo? Uma coisa grande e pegajosa se apossa do meu ser e me impele à vagabundagem. Ela se chama preguiça. Sendo assim, ontem, ao invés de fazer meus trabalhos, fui ao cinema com uns amigos da faculdade. Nós assistimos Os Fantasmas de Scrooge em 3D. Hehe 3D é legal, principalmente quando minha mãe está do meu lado se assustando com as coisas que "vem na direção dela" (pena que ontem eu não tive essa diversão). O filme provavelmente é melhor na sua versão original, por isso não vou deixar o fato de a dublagem ser uma droga afetar minha opnião. Antes de assistir pensei: pff, ótimo, maaaaaais uma versão estranha para a história d'Os Fantasmas do Natal. Mas, sabe, o filme até que foi fiel ao livro. Não posso dizer com certeza o que está diferente porque li o livro na falecida quarta série, que Deus a tenha. Apesar de já bastante batida, é uma historinha interessante e que, afinal, ensina uma lição.
Falando em livros e em vagabundagem, há alguns dias atrás eu li Lugar Nenhum (Neverwhere), de Neil Gaiman. Eu só tenho uma palavra para descrever Neil Gaiman: foda. F-O-D-A. Sinto muito pelo palavreado chulo, mas não encontro outra forma de me expressar.

"Dizer que Lugar Nenhum é uma espécie de Alice no País das Maravilhas com uma virada punk não faz justiça ao primeiro romance de Neil Gaiman, mas serve para definir seu tom. Gaiman é mestre na arte de criar e povoar mundos. Em Lugar Nenhum, ele consegue se superar."
Poppy Z. Britte, autora de Plastic Jesus

Sinceramente, não faço idéia de quem seja Poppy Z. Britte, mas com certeza ela tem toda a razão. Com humor e inteligência, Gaiman funde fantasia e realidade ao criar todo um complicado universo localizado sob Londres, chamado Londres Subterrãnea, povoado por monges, condes, assassinos, nobres e dacaídos. O livro originalmente era um seriado de TV, que foi ao ar pela BBC, sendo posteriormente transformado em um romance em prosa por Gaiman. Além de já possuir uma versão em quadrinhos (imagem do início do post), Neverwhere vai ganhar também uma adaptação para o cinema, dirigida por David Slade. Uma das coisas que me chamou bastante a atenção nesse livro foram as riquíssimas referências feitas por Gaiman, indo desde o Marquês de Carabas (O Gato de Botas), com seus coturnos e essência felina até às sedutoras Lâmias.

Agora eu pergunto: vocês sabem o que são Lâmias? Haha, depois de toda essa enrolação, era aqui que eu queria chegar. Quem não gostar de mitologia pode parar por aqui.

As Lâmias são a origem dos nossos velhos conhecidos, os vampiros. Isso mesmo, Edward, você deve muito aos mitos gregos e medievais. Lâmia vem do grego laimos, que siginifica garganta. Imaginava-se que eram mulheres muito bonitas e fantásmagóricas, que devoravam crianças ou que, através de artifícios sexuais, atraíam jovens rapazes à seus leitos, para que então pudessem devorá-los ou sugar-lhes o sangue. Apesar de poderem assumir a forma humana, acreditava-se que após satisfazerem seus objetivos, elas voltavam a sua verdadeira forma de mulher-serpente ou de uma besta quadrúpede e feroz. O Termo Lâmia, na Alta Idade Média, era usado para referir-se à espíritos que voavam à noite, do folclore popular.
De acordo com um mito, Lâmia foi originalmente uma rainha da Líbia, filha de Poseidon e que manteve um caso com Zeus. Hera, movida pelo ciúme, transformou Lâmia em um monstro e matou seus filhos. Condenou-a, ainda, à nunca poder fechar seus olhos para que fosse eternamente aflingida pela imagem de seus filhos mortos. Zeus apiedou-se de Lâmia e deu-lhe o dom da profecia, além da capacidade de tirar e pôr os olhos, para que ela pudesse descansar. Ainda assim, Lâmia sentia inveja das outras mães e por essa razão devorava seus filhos.
Há, ainda, várias curiosidades e versões sobre as Lâmias e eu poderia ficar falando delas aqui por bastante tempo, mas para a sorte de vocês, eu não vou. Eu me interessei por elas porque não foi em Neverwhere a primeira vez que eu vi referências feitas às Lâmias. Na verdade, Gaiman também faz referência a elas em Stardust. Isso mesmo, a bruxa Lilim. Lâmia também aparece em Fome de Viver ou The Hunger. Apesar de não ser citado no filme, e sim no livro (eu só vi o filme, mas me contaram), a personagem principal é na verdade Lâmia. O filme é legal, se você não se incomodar com algumas ceninhas trash. Por fim, os dois quadros aqui mostrados apresentam duas Lâmias. Eles são de John William Waterhouse, um pintor pré-rafaelita, que gostava muito do tema "mitologia". Ambos os quadros são baseados no poema de John Keats:



She was a gordian shape of dazzling hue,
Vermilion-spotted, golden, green, and blue;

Striped like a zebra, freckled like a pard,

Eyed like a peacock, and all crimson barr'd;

And full of silver moons, that, as she breathed,

Dissolv'd, or brighter shone, or interwreathed

Their lustres with the gloomier tapestries--

So rainbow-sided, touch'd with miseries,

She seem'd, at once, some penanced lady elf,

Some demon's mistress, or the demon's self.



Baby você não precisa
De um salão de beleza

Há menos beleza

Num salão de beleza

A sua beleza é bem maior

Do que qualquer beleza

De qualquer salão...

Zeca Baleiro, eu te pergunto: você tem certeza? Eu acho que quando ele escreveu isso não levou algumas coisas em consideração...

Posso dizer com toda a segurança: fui ao salão hoje e me sinto outra pessoa. Sério, andava tão sem tempo que tinha me esquecido de mim. Por que os professores fazem isso, hein? Ou talvez seja eu que definitivamente não sei me organizar... vai saber... Mas é que é muito difícil resistir à tentação de vagabundar quando se tem um tempinho livre, mesmo que você saiba que tem coisas à fazer e que elas vão pesar mais na frente...
Foi num desses momentos de vagabundagem que eu finalmente terminei de ler Mars. Para quem não conhece eu digo: vale a pena. Eu li todo em inglês, parte pela internet e parte eu comprei mesmo (tenho 6). O que eu gostei nessa história é que, apesar de girar em torno do romance entre dois colegiais, ela vai além. Através de personagens cativantes, esta densa história fala dos cantinhos obscuros na mente das pessoas, onde se escondem aqueles sentimentos que você deseja que ninguém veja. Os personagens, mesmo os principais, têm defeitos e medos, eu diria até um "lado feio". E é por isso que eu gostei tanto desse mangá... porque as pessoas reais têm defeitos, inseguranças e segredos, não são como aqueles personagens esteriotipados que costumam aparecer nos quadrinhos. Enfim, aqui está o link do site onde eu li. Para quem se interessar em ler, espero que goste da história tanto quanto eu gostei e aviso: Mars é aquele tipo de leitura que fica na cabeça e em certos momentos te faz refletir. Pelo menos, foi assim para mim...





Eu tento, tento, tento e aparentemente não adianta. Acho que seria mais fácil me deixar alienar de uma vez.

Hoje aconteceu uma coisa no mínimo inesperada. Chego eu à faculdade para a minha aula favorita, História da Arte. O professor, que costumava ser muito simpático comigo e minha amiga (aquele que eu já comentei), parecia meio estranho e eu até comentei isso com ela. Pois bem, ele passou a lista para todos assinarem antes da aula começar e nós assinamos. E ai: Tchanran! SURPRESA! Ele veio apenas para que nós assinassemos a lista de presença, não ia haver aula. E por que não? Parece que ele simplesmente desistiu da nossa turma. Disse que estava cansado de dar aula para pessoas que desprezavam sua matéria, mas que nem raiva da gente sentia, sentia apenas pena por sermos pessoas sem senso crítico, coisa que é essencial à um arquiteto. Disse também que nós ainda estavamos presos ao método de ensino das escolas, que não questionavamos as coisas, que não faziamos perguntas, enfim, disse muitas coisas. Ele disse que existiam algumas pessoas interessadas, sim, mas do jeito que ele generalizou tudo o que falou eu fiquei me sentindo realmente um cocô. E por que? Bom, talvez seja porque eu realmente me esforço para prestar atenção à essa disciplina, talvez seja porque venha realmente tentando aprender coisas novas, conhecer coisas novas, descobrir livros e filmes interessantes para que talvez eu possa desenvolver algum senso crítico. Logo em seguida, vem uma pessoa que eu considero muito inteligente e culta e diz uma coisa dessas. Ou seja? Parece que meu esforço não adiantou muita coisa, ou nada.

Por favor ignorem esse post. Ele não tem nada de interessante, mas eu não estou nem ai. Eu queria falar disso com alguém, mas aparentemente não consigo organizar meus pensamentos para falar, então resolvi escrever.

O apagão acabou...

Pois é ... a CIENTEC acabou. As luzes acenderam e o elevador voltou a se mover (se você não entendeu, leia o post anterior. Talvez você entenda, talvez não). Ando sem tempo para nada e só tenho pensado em trabalhos. Infelizmente. O blog vai continuar abandonado por mais um tempinho até essa avalanche de trabalhos acabar, só estou aqui porque eu prometi à uma amiga que iria postar sobre Os Cavalos de Netuno de Walter Crane.
Eu estou com um monte de material que vai do Gótico até o Romantismo, graças à caridade do professor que disponibilizou tudo no computador da faculdade. Ainda bem que ele fez isso, eu não teria a paciência (nem a capacidade) de juntar tanta coisa.
Enfim, voltando aos "cavalos". O movimento ao qual este quadro pertence é o Simbolismo, que é um estilo que tem profundas raizes no Romantismo. Como vocês devem ter percebido, os cavalos enfurecidos e desenfreados fazem uma analogia com a força incontrlável da "rebentação" das ondas. Não é novidade utilizar cavalos como símbolo de força, mas, na minha opnião, a forma como esse simbolismo foi explorado neste quadro foi bastante original. Crane utilizou o mesmo cavalo em estágios diferentes do galope, em sequência, dando movimento a onda (se não me engano, ele baseou-se em fotografia).A seguir, um detalhe do quadro: percebam como os cavalos lembram a espuma que se forma na crista das ondas.

Rodin, um artista impressionista, afirma em seu livro L'Art [A Arte] (1991): "o artista é verdadeiro e a fotografia mentirosa, pois na realidade o tempo não para". Observe essas fotografias em sequência do galope de um cavalo e depois compare com o quadro de Crane.

Agora eu pergunto: qual deles captou a emoção e a intensidade do galope? Não sei quanto a vocês, mas para mim, o que Rodin falou faz muito sentido. A fotografia capta o cavalo em diversas posições que fazem sentido em sequência, mas, quando isoladas, o animal não parece estar galopando. Está certo que Crane utilizou os cavalos também em sequência, mas isso se deve, no caso, à proposta do quadro de mimetizar uma onda. Se você olhar separadamente os cavalos de Crane, ainda assim, conseguirá perceber que eles estão galopando.

Gostaria de me lembrar de mais coisas sobre o quadro, mas parece que o sono não vai deixar. Perdôem o post mal escrito, mas eu realmente estou capengando aqui (deve ser o remédio para dor de cabeça que eu tomei... bem que na bula avisava sobre uma possível sonolência). Até breve, eu espero.

P.S.: O template novo está passando por uns probleminhas... vamos ver se o site ajeita logo...

O Homenzinho



Era uma vez, em uma terra não tão distante, um homenzinho que vivia sua vidinha. Acordava cedo, vestia seu terno cinza, colocava seu chapéu também cinza, comia mecanicamente seu café da manhã, enquanto lia o jornal que trazia as tragédias do dia e saía de casa para ir trabalhar. Caminhava para o trabalho, pensando em todas as coisas que tinha para fazer, no trabalho que insistia em se acumular e em seu chefe que estaria, como sempre, furioso por causa disso. Absorto consigo mesmo, caminhava sem dar atenção as coisas e pessoas ao seu redor, olhava para o chão ou para os próprios pés, limitando-se a ocasionalmente dar uma olhada para o lado, só para poder constatar que o trânsito estava novamente engarrafado e que ele tinha feito bem em sair a pé, assim poderia chegar cedo ao trabalho. E então ele chegava ao trabalho, trabalhava e ouvia as reclamações costumeiras do chefe. No fim do dia, voltava para casa, jantava, assistia televisão e ia dormir, para no dia seguinte, começar tudo outra vez.

Um dia, seu chefe pediu-lhe que ficasse até mais tarde para por uma certa papelada em dia. Ele ficou. Não tenho nada melhor para fazer mesmo. Trabalhou, trabalhou, trabalhou. Quando enfim, havia acabado,já era tarde da noite, deixou os papéis na mesa do chefe e dirigiu-se para o elevador. No meio do caminho de descida, as luzes apagaram, o elevador fez um barulho estranho e parou. Malditos apagões... quanto tempo será que este vai durar? Ele esperou, esperou e esperou. Nada. Olhou para a cidade, envolta em escuridão completa, à essa hora não havia mais carros circulando. Poxa, esse foi dos grandes, apagou a cidade toda... Ei, espera, esse elevador sempre teve vista panorâmica? Preso ali, impotente, sentiu que não havia trabalho no qual pensar, nem problemas, nem nada. Sem o peso das obrigações e da rotina que forçavam sua cabeça a olhar para baixo, sentou-se no chão do elevador de frente para a cidade. A escuridão tinha o tamanho do mundo. Percebeu então que, no céu, pequenos pontos de luz pareciam cantar para ele uma melodia silenciosa. Incrível, nunca tinha percebido a quantidade de estrelas que se pode ver à noite.Não é para menos, as luzes constantes da cidade ofuscam grande parte do brilho das estrelas.


O homenzinho começou então a pensar em tudo o que ele gostaria de fazer, na esposa que nunca teve, na família que não via há tempos, na vontade de viver e experimentar que um dia tivera. Por que mesmo havia se esquecido de todas essas coisas durante tanto tempo? Não conseguia se lembrar. Não agora, embalado pelo som silencioso das estrelas. Foi então que sua atenção foi atraída por um longínquo ponto de luz na cidade, que foi se espalhando mais e mais. À medida que a cidade se acendia, as estrelas se calavam. A luz do elevador piscou duas vezes e se acendeu de vez. O elevador, com outro barulho estranho, voltou a se mover. Ah... A luz voltou... Que horas são? Nossa, está tarde, preciso ir para casa dormir. Amanhã acordo cedo para trabalhar.

~*~*~*~*~


Eu acho que ando lendo Neil Gaiman demais, estou viajando mais do que o normal esses dias...


É irônico quando se critica algo e esse algo acaba acontecendo com você, não? Estou ficando seriamente preocupada com um possível linchamento contra a minha pessoa.

Acontece que eu sempre critiquei professores que escolhem alunos preferidos e, pior ainda, não tem nem o tato de esconder. Felizmente, devido a minha constante vontade de ser invisível aonde quer que eu vá, odiando se, por alguma razão, o as atenções recaem sobre mim, eu nunca antes fui “a queridinha do professor”. (in)Felizmente eu gosto e me interesso por arte e neste semestre da faculdade encontrei um professor dessa matéria que não só sabe muito do assunto, como também é uma biblioteca humana de filmes e livros. Como compartilhamos dos mesmos interesses, eu e uma amiga fomos pedir dicas de livros e filmes para ele. A partir daí viramos o “trio best friend”, como disse uma colega de sala. E é isso mesmo que me preocupa. Por alguma razão que foge ao meu entendimento, aquele homem me chamou de “intelectual barra-pesada” (Grande pausa aqui para uma gargalhada: hAUHauhauHUAhuAHUAhuHAUHauhaUHAu) e agora adotou a mim e a minha amiga como suas queridinhas. Posso dizer, com toda certeza, que, apesar de me interessar sobre esses assuntos, sei muito pouco e estou anos-luz longe de ser uma intelectual (quanto mais barra-pesada). Sinceramente, eu gosto desse professor e fico feliz de ter alguém que me dê boas indicações, mas é realmente desconfortável ver a diferença de tratamento dele para com os alunos. E eu acho que as outras pessoas também não estão gostando, o que nos leva a questão do linchamento.


Agora, deixemos meus exageros de lado.


Hoje eu estava assistindo vídeos da série Power of Art, da BBC. Resumindo minhas impressões sobre o que eu vi: Caravaggio era um ser barroco dividido entre sua fé e seu instinto violento, Bernini se achava o último biscoito do pacote (bem, não podemos negar que ele tinha motivos...), o pobre Van Gogh era um incompreendido com uma vocação para a loucura e Rembrandt... bem, ainda não terminei de ver esse. Engraçado que foi um dos quadros, justamente, de Rembrandt que me chamou a atenção. O quadro é
Sansão e Dalila, a imagem do começo do post. Não me proponho aqui a analisar a obra em seus aspectos técnicos, até porque não me julgo qualificada para tanto. O que acontece é que minha cabeça e suas idéias de girico acabaram fazendo uma associação entre quadro e a música Samson de Regina Spektor. Eis o porque da minha associação (i)lógica: Os artistas costumavam retratar Sansão como um ser musculoso e nu, exaurido após ter relações sexuais com Dalila. Rembrandt por sua vez, o retrata vestido e mesmo assim consegue deixa-lo com uma aparência mais frágil e vulnerável, ao contrário do que se poderia pensar. A energia da pintura se concentra no laço que une Sansão a sua amada traidora e ao seu destino eminente. Dalila, por sua vez, ergue um dos cachos de Sansão, pronta para cortá-lo. Ao mesmo tempo, com a outra mão, acaricia de forma preguiçosa o cabelo do homem adormecido. Foi justamente este gesto que me fez lembrar a música.

You are my sweetest downfall / I loved you first / Beneath the stars came falling on our heads / But they're just old light / Your hair was long when we first met / Samson came to my bed / Told me that my hair was red / Told me I was beautiful and / Came into my bed / Oh I cut his hair myself one night / A pair of dull scissors in the yellow light / And he told me that I'd done alright / And kissed me till the morning light

A seguir está a música, para quem se interessar:



Eu sempre gostei da história de Sansão e Dalila (não que isso venha ao caso, mas minha cachorra se chama Dalila) e nunca engoli muito bem essa coisa de Dalila ser uma traidora totalmente desalmada. Para mim ela realmente amava Sansão. Não sei, talvez seja porque eu fico triste pensando no pobre iludido Sansão... enfim, onde eu quero chegar com tudo isso é que tanto o quadro quanto a música me deram a impressão de que realmente existia amor e que de alguma forma a história foi mal contada...

Esses, claro, são apenas devaneios de uma pessoa desocupada (nem tanto) que não tem base nenhuma para afirmar o que disse. O que prova que eu não sou intelectual.


Pois é, eis que me deu na telha fazer um blog… vamos ver se esse não cairá no esquecimento a exemplo de seus antecessores...

Acho que, nesse mundo louco onde ninguém tem tempo para nada, é bom ter um lugar para parar e falar o que der vontade, mesmo que ninguém leia XD

Então é isso ai. Em breve posts com mais conteúdo (ou não...).